sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

O Carnaval em Portimão

Revista de Carnaval do Boa Esperança - Portimão
O Boa Esperança tem em cena a sua tradicional revista de carnaval.

E a justiça que é linda
Linda, linda demais
E a justiça que é linda
E injustiça é o que há mais

Perdoem-me se não corresponde exactamente ao original, pois escrevo-a de memória, mas é com esta quadra que o Grupo de Teatro do Boa Esperança abre o seu espectáculo de Revista do Carnaval 2007, em Portimão. Que outro tema poderia ser mais oportuno caricaturizar em Portugal neste momento?...

Trata-se de um excelente grupo amador da nossa terra que, a pouco e pouco, tem vindo a conquistar um lugar de relevo na preservação do teatro de revista, cujas representações já são apreciadas, há alguns anos, muito para além dos limites do nosso concelho, com público não só de todo o Algarve como de outras partes do sul do país.

E, assim, vai cumprindo a tradição de ser uma das raras manifestações comemorativas do carnaval na nossa cidade, para além dos bailes das três sociedades recreativas - Boa Esperança, Glória ou Morte e Vencedora - e de outras espontâneas iniciativas individuais ou de pequenos grupos, que, na generalidade, têm pouco mais espectadores do que os próprios foliões.

Carnaval em Portimão
Os Bombeiros de Portimão marcaram presença na sua cidade, que pouco brinca ao carnaval.

Este ano, a meteorologia não colaborou e estragou por completo a habitual festa dos mascarados, na Segunda-Feira, na sua deslocação trapalhona entre as três Sociedades, que costuma contar com uma assistência significativa de portimonenses e não só.

Assim, manifestações de rua, ficam-nos o desfile das crianças das diversas escolas, o aparecimento, quase relâmpago, da charola dos Bombeiros e a comparência dum pequeno grupo de foliões ligados à Casa do Sporting de Portimão, segundo julgo.

Portimão, a segunda maior cidade do Algarve, tem obrigação de fazer melhor. E não me refiro a "brasileiradas" do género das que fazem em Loulé e noutras terras portuguesas, que nada têm a ver com as nossas tradições, mas a alguma animação genuína, como se fazia antigamente em todas as cidades, vilas e aldeias, com a participação directa de toda a gente.

Carnaval em Portimão
Não é preciso gastar muito dinheiro para nos divertirmos. Basta gostar e haver capacidade de iniciativa.

Estou convencido que, se os órgãos autárquicos - Câmara e/ou Juntas de Freguesia - ou, talvez melhor ainda, uma ou várias Associações Recreativas tomassem qualquer iniciativa nesse sentido, com muito pouca despesa, teríamos uma Terça-Feira de Carnaval na rua, bem animada para muitos portimonenses que, assim, ou ficam em casa ou se deslocam para terras vizinhas.

Posso-lhes garantir que, nestas pequenas brincadeiras de carnaval a que assisti, vi espontaneidade, alegria, participação e ar de verdadeira festa no rosto dos poucos que tiveram a sorte de a elas assistir e participar.

Se quiser ver mais algumas fotografias visite esta galeria.

Carnaval em Portimão
Estas são manifestações genuínas de comemorar o carnaval à nossa maneira.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Em menos de um século...

Portimão
Por tradição, o largo em frente da "Casa Inglesa" é a sala onde Portimão recebe as suas visitas.

Há dias, mãos amigas trouxeram-me estas maravilhosas fotografias da sala de visitas de Portimão. E digo maravilhosas não pela sua qualidade técnica - são já fotocópias de originais - mas pelo testemunho que nos dão do passado deste cantinho da cidade.

Não é nada que qualquer portimonense não tenha já visto em melhores condições, e ainda muito menos comparado com as imagens da juventude que os mais antigos, nos quais já me incluo, guardam na memória do que era a "Casa Inglesa" e a zona ribeirinha.

No entanto, não é de mais evidenciar o que era e é esta linda terra - antes Vila Nova de Portimão, e, desde 11-12-1924, cidade de Portimão, por obra dum seu filho, Manuel Teixeira Gomes, ilustre homem de letras, Presidente da República e representante de Portugal por essa Europa e norte de África.

Portimão em meados do século XXPortimão
Compare estas duas fotografias tiradas com cerca de meio século de intervalo.

Chamem-me saudosista, antiquado ou o que queiram, mas por mais que quisesse - e não quero - nunca poderia esquecer esta praça com a sua beleza simples e o seu espaço aberto, apenas dividida pelo verde das plantas que tão bem disfarçavam os sanitários subterrâneos ou pelo coreto, peça insubstituível, que hoje, se lá estivesse, seria, indiscutivelmente, o centro das atenções de quem por ali andasse.

O progresso, por definição, não pára. Portimão diz-se um município de progresso e todos nós queremos que o seja. Mas, não posso deixar de lamentar as asneiras que, em nome dele, fomos fazendo ao longo destas últimas décadas. Uns decidindo, outros concordando ou discordando e outros ainda, talvez a maioria, nem uma coisa nem outra, alheando-se da sua própria cidade.

Agora, no sítio do coreto, não temos nada. Ao lado, temos um espelho d' água, como se diz modernamente, circundando o memorial ao Presidente Teixeira Gomes, que dá a sua graça àquele espaço. Onde existiam os tais sanitários, temos aquele "mono" da geladaria, cujo nome já nem sei, único "caixote" que ali ficou quando da remodelação da praça e do jardim, por razões que desconheço mas, sejam elas quais forem, não aceito.

E basta olhar para a fotografia actual para perceber que aquele pequeno monstrinho desfigura toda a praça. Ainda por cima com aquelas casas de banho inestéticas e pouco asseadas nas traseiras. Traseiras é como quem diz... No meio dum espaço daqueles não há traseiras. Todos os lados são frente.

Portimão em meados do século XXPortimão
Vejam bem no que a Caixa Geral de Depósitos, banco do Estado, transformou este edifício...

E, já agora, reparem bem no que a Caixa Geral de Depósitos, banco que sempre pertenceu do Estado, foi, a pouco e pouco, fazendo a este magnífico edifício, em diversas "remodelações" estrategicamente efectuadas ao longo dos anos, até ficar no "caixote" (de Caixa...) que se pode ver de branco com listas cinzentas. Quanto pode o vil metal...

Mas, não é por isto que Portimão deixa de ser uma cidade bonita, acolhedora e em franco progresso. São apenas alguns senãos que vieram a talhe de foice e que urge não repetir. Aliás, ainda não perdi a esperança de ver a dita geladaria removida daquele local. Será que sou demasiado ingénuo?...

De qualquer modo, prometo que, nos próximos posts, irei demonstrar que vale bem a pena viver e visitar Portimão. Veremos...

Até breve.

Portimão em meados do século XX
Em várias "remodelações", a Caixa tranformou um espectacular edifício num "Caixote"...

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Portimão, o Portimonense e a Câmara

Jogo de futebol Portimonense-Olhanense
Após largos meses de ausência, o Portimonense voltou a jogar no seu estádio.

Depois de seis meses a jogar no estádio do Algarve, o Portimonense voltou ao estádio de Portimão, onde jogou durante muitas décadas, e logo para se confrontar com o Olhanense, outra equipa algarvia de grandes tradições no futebol português.

Foi dia de festa para os portimonenses adeptos do futebol, já que, para os restantes, a coisa quase passou despercebida. O desafio foi precedido e jogado em ambiente de festa, com direito a fanfarra dos bombeiros e apresentação de todos os atletas do clube, com especial enfoque nas suas camadas mais jovens.

Fiquei a saber, ouvindo uma gravação da conferência de imprensa dada pela direcção, disponível no site do clube, que o estádio, para além de não pertencer ao Portimonense, estava sob ocupação selvagem, pois há trinta anos que os proprietários do terreno nada recebiam do Portimonense e este deixara, há muito, de pedir autorização para o utilizar.

Estádio do Portimonense
No regresso ao estádio de Portimão, o adversário foi o Olhanense.

Antigamente, sempre por cá constou haver fortes ligações do clube à Câmara Municipal, através de pessoas que ou faziam, simultaneamente, parte de órgãos de uma entidade e da outra, ou estariam excelentemente relacionados. Nãi sei se é verdade ou não.

Desde que se levantou a polémica da saída do Portimonense deste estádio e recuperação do terreno pelos proprietários, muitas más-línguas disseram que a intenção era transformar tal espaço numa área de construção de mais uns quantos edifícios, apesar daquele espaço estar classificado no PDM como zona desportiva. Desconheço se qualquer desses ditos corresponde ou não à verdade.

Também, desde há alguns anos, sempre ouvi dizer que a Câmara iria construir, noutro local, um complexo desportivo com campos de futebol onde, eventualmente, o Portimonense passaria a jogar. Continuo a desconhecer a veracidade desse rumor.

Consta, agora, - e na conferência de imprensa da direcção do Portimonense houve quem chegasse a referir essa hipótese - que a Câmara Municipal estará ou irá iniciar um processo de expropriação do dito terreno, depois de falhadas todas as tentativas de chegar a um acordo com os respectivos proprietários. Não me perguntem que eu também não sei se é verdade.

Ora, tudo isto vem a talhe de foice, a propósito do meu último post em que falava da necessidade de espaços na cidade.

Estádio do Portimonense
No seu regresso a casa, o Portimonense foi feliz e venceu o Olhanense por 1-0.

Dizia eu que pouco mais nos restava, em termos de espaços, do que a zona ribeirinha. Pois esse pouco mais referia-se exactamente ao estádio de futebol e à sua zona circundante.

Com expropriação ou sem expropriação - os direitos dos proprietários devem ser respeitados, embora o interesse público se sobreponha - é, sem dúvida, a última grande oportunidade de brindar a cidade de Portimão com aquilo que poderá vir a ser um precioso espaço, de preferência verde, com excelente localização, tentando compensar a triste paisagem carregada de edifícios bem altos e horrorosos que, ali ao lado e um pouco por toda a cidade, foram construídos uns em tempos que já lá vão, outros em tempos muito recentes. E continuam...

Veremos se a Câmara Municipal tem possibilidades e capacidade para gerir esta situação da melhor forma para a cidade, já que vontade acredito que, certamente, não lhe faltará.

Fico em grande expectativa.