
Alguns painéis de azulejos do Jardim 1º de Dezembro.
O Largo 1º de Dezembro, no coração da baixa, distingue-se pelo Jardim com o mesmo nome do qual faz parte uma colecção de dez painéis de azulejos colocados no encosto de cada um dos bancos lá existentes para descanso dos visitantes.
Trata-se de uma obra com mais de meio século de existência que se tem mantido razoavelmente bem conservada, embora, nos últimos anos, com o arrastamento das obras de transformação do palácio Sárrea Prado no futuro Teatro Municipal de Portimão, tenha vindo a passar por uma fase menos agradável.
Painel alusivo ao Tratato de Zamora.
Cada um dos dez painéis representa um momento da nossa história que, no seu conjunto, e na perspectiva do autor ou de que quem lhe encomendou o trabalho, corresponderão aos de maior relevância, desde a fundação da nacionalidade pelo Tratado de Zamora, em 1143, até à implantação da República com a revolução de 1910.
Pelo meio, surgem batalhas contra Espanhóis e Sarracenos, Descobertas do Novo Mundo e consolidação do Império Colonial, bem como a outorga das duas primeiras Constituições Portuguesas. Reflexos, obviamente, dos pontos de vista da governação daquela época ditatorial salazarista.
Painel alusivo à implantação da República.
Não deixa de ser curioso, ou melhor, patético, causando-me até alguma hilaridade o facto de a prisão de um Régulo Moçambicano, resistente anti-colonial, de nome Gungunhana, constituir, na opinião seja de quem for, um marco na história de Portugal... Com o devido respeito pelo personagem em causa e total desaprovação pelo que lhe fizeram, em especial, no seguimento da sua captura, os episódios ocorridos na transferência e estadia em Lisboa e desterro para os Açores.
Para uma consulta pormenorizada sobre este acontecimento, aqui fica uma ligação para o site Vidas Lusófonas, onde encontrará uma biografia pormenorizada de Gungunhana, da autoria de Carlos Pinto Santos.
Representação da captura do Régulo Gungunhana.
Mas, voltando ao jardim e aos seus painéis, está prometido pela Câmara Municipal de Portimão, nesta página do seu site, que, no seguimento das obras do palácio Sárrea Prado, o "Jardim 1º de Dezembro será, também, objecto de requalificação, tornando-se numa extensão do edifício, uma espécie de foyer ao livre, onde também acontecerão performances artísticas".
Fico, assim, na expectativa da conclusão dessas obras, já tão demoradas, para poder voltar a usufruir plenamente do maravilhoso recanto de Portimão que é o Jardim 1º de Dezembro. Um pequeno espaço acolhedor no centro da cidade, retirado e pacato como talvez nenhum outro, e onde podemos reflectir um pouco sobre a nossa história e não só, recostados num dos tais painéis, observando atentamente os restantes.
Veja as fotografias de todos painéis em: Galeria do Jardim 1º de Dezembro.
Até à próxima e obrigado pela sua visita.