quarta-feira, 26 de março de 2008

O Jardim 1º de Dezembro

Jardim 1º de Dezembro - Portimão
Alguns painéis de azulejos do Jardim 1º de Dezembro.

O Largo 1º de Dezembro, no coração da baixa, distingue-se pelo Jardim com o mesmo nome do qual faz parte uma colecção de dez painéis de azulejos colocados no encosto de cada um dos bancos lá existentes para descanso dos visitantes.

Trata-se de uma obra com mais de meio século de existência que se tem mantido razoavelmente bem conservada, embora, nos últimos anos, com o arrastamento das obras de transformação do palácio Sárrea Prado no futuro Teatro Municipal de Portimão, tenha vindo a passar por uma fase menos agradável.

Jardim 1º de Dezembro - Portimão
Painel alusivo ao Tratato de Zamora.

Cada um dos dez painéis representa um momento da nossa história que, no seu conjunto, e na perspectiva do autor ou de que quem lhe encomendou o trabalho, corresponderão aos de maior relevância, desde a fundação da nacionalidade pelo Tratado de Zamora, em 1143, até à implantação da República com a revolução de 1910.

Pelo meio, surgem batalhas contra Espanhóis e Sarracenos, Descobertas do Novo Mundo e consolidação do Império Colonial, bem como a outorga das duas primeiras Constituições Portuguesas. Reflexos, obviamente, dos pontos de vista da governação daquela época ditatorial salazarista.

Jardim 1º de Dezembro - Portimão
Painel alusivo à implantação da República.

Não deixa de ser curioso, ou melhor, patético, causando-me até alguma hilaridade o facto de a prisão de um Régulo Moçambicano, resistente anti-colonial, de nome Gungunhana, constituir, na opinião seja de quem for, um marco na história de Portugal... Com o devido respeito pelo personagem em causa e total desaprovação pelo que lhe fizeram, em especial, no seguimento da sua captura, os episódios ocorridos na transferência e estadia em Lisboa e desterro para os Açores.

Para uma consulta pormenorizada sobre este acontecimento, aqui fica uma ligação para o site Vidas Lusófonas, onde encontrará uma biografia pormenorizada de Gungunhana, da autoria de Carlos Pinto Santos.

Jardim 1º de Dezembro - Portimão
Representação da captura do Régulo Gungunhana.

Mas, voltando ao jardim e aos seus painéis, está prometido pela Câmara Municipal de Portimão, nesta página do seu site, que, no seguimento das obras do palácio Sárrea Prado, o "Jardim 1º de Dezembro será, também, objecto de requalificação, tornando-se numa extensão do edifício, uma espécie de foyer ao livre, onde também acontecerão performances artísticas".

Fico, assim, na expectativa da conclusão dessas obras, já tão demoradas, para poder voltar a usufruir plenamente do maravilhoso recanto de Portimão que é o Jardim 1º de Dezembro. Um pequeno espaço acolhedor no centro da cidade, retirado e pacato como talvez nenhum outro, e onde podemos reflectir um pouco sobre a nossa história e não só, recostados num dos tais painéis, observando atentamente os restantes.

Veja as fotografias de todos painéis em: Galeria do Jardim 1º de Dezembro.

Até à próxima e obrigado pela sua visita.

segunda-feira, 3 de março de 2008

A Fortaleza de Santa Catarina

Fortaleza de S. Catarina - Portimão
Fachada principal da Fortaleza de Santa Catarina, na Praia da Rocha.

Alinhada com o Forte de S. João do Arade, mas na margem direita do rio e sobranceira a este, encontra-se a Fortaleza de Santa Catarina, certamente, o mais importante chamariz arquitectónico da Praia da Rocha.

Foi projectada e construída no século XVII, durante o reinado de Filipe IV de Espanha, para defesa da entrada do Arade a inimigos que o demandassem por via marítima, tendo acolhido no seu interior uma ermida com o mesmo nome que, segundo os historiadores, já existia, anteriormente, junto ao rio.

Fortaleza de S. Catarina - Portimão
Vista de baixo, com toda a sua imponência.

Também é conhecida por Fortaleza de Santa Catarina de Alexandria ou Santa Catarina de Ribamar. A exemplo do que sucedeu ao Convento de S. Francisco, sofreu os efeitos do terramoto de 1755, tendo ficado também bastante danificada. No entanto, ao contrário daquele, foi prontamente reparada.

Diz também quem sabe, que foi, sucessivamente, remodelada até chegar ao que é hoje, nada lhe restando da construção original a não ser a fachada principal. Foi ocupada pela Polícia Marítima e Guarda Fiscal e, com o surgimento da indústria turística, no século passado, inevitavelmente, transformada também em restaurante, café e geladaria... O costume...

Fortaleza de S. Catarina - Portimão
Vista poente, para a praia. Na linda do horizonte, Lagos e a sua baía.

Valha-nos, ao menos, que, ao longo das últimas décadas, tem sido preservada - não tão bem como se desejaria, mas de uma forma "aceitável" - e sempre mantida aberta à circulação pública.

Dessa forma, tem feito os encantos de muitos milhares de turistas, portugueses e estrangeiros, que, para além da sua arquitectura, disfrutam a extraordinária vista sobre o rio, o mar e a própria Praia da Rocha, a partir dos seus pontos de miradoiro.

Fortaleza de S. Catarina - Portimão
Vista da rotunda da marina, numa tarde de inverno.

Pena é que, como factor de realce do monumento e da sua história, não haja um pouco mais de informação acessível a todos os que a visitam. Um pormenor que a Câmara Municipal, certamente, solucionará com a maior das facilidades.

O que se justifica, cada vez mais, pelo aumento de afluência de visitantes, face às alterações da sua envolvência efectuadas nos últimos anos. O complexo da marina, mal ou bem, construído em espaço subtraído ao rio, não deixa de ser um motivo de atracção para todos os que visitam a Praia da Rocha.

Fortaleza de S. Catarina - Portimão
Zona interior, com a cisterna, ao centro, e a capela, à direita.

Consulte mais informação sobre a Fortaleza de Santa Catarina, nas seguintes páginas da internet: IPPAR, Ministério da Cultura e Wikipédia

Até breve.