quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Em menos de um século...

Portimão
Por tradição, o largo em frente da "Casa Inglesa" é a sala onde Portimão recebe as suas visitas.

Há dias, mãos amigas trouxeram-me estas maravilhosas fotografias da sala de visitas de Portimão. E digo maravilhosas não pela sua qualidade técnica - são já fotocópias de originais - mas pelo testemunho que nos dão do passado deste cantinho da cidade.

Não é nada que qualquer portimonense não tenha já visto em melhores condições, e ainda muito menos comparado com as imagens da juventude que os mais antigos, nos quais já me incluo, guardam na memória do que era a "Casa Inglesa" e a zona ribeirinha.

No entanto, não é de mais evidenciar o que era e é esta linda terra - antes Vila Nova de Portimão, e, desde 11-12-1924, cidade de Portimão, por obra dum seu filho, Manuel Teixeira Gomes, ilustre homem de letras, Presidente da República e representante de Portugal por essa Europa e norte de África.

Portimão em meados do século XXPortimão
Compare estas duas fotografias tiradas com cerca de meio século de intervalo.

Chamem-me saudosista, antiquado ou o que queiram, mas por mais que quisesse - e não quero - nunca poderia esquecer esta praça com a sua beleza simples e o seu espaço aberto, apenas dividida pelo verde das plantas que tão bem disfarçavam os sanitários subterrâneos ou pelo coreto, peça insubstituível, que hoje, se lá estivesse, seria, indiscutivelmente, o centro das atenções de quem por ali andasse.

O progresso, por definição, não pára. Portimão diz-se um município de progresso e todos nós queremos que o seja. Mas, não posso deixar de lamentar as asneiras que, em nome dele, fomos fazendo ao longo destas últimas décadas. Uns decidindo, outros concordando ou discordando e outros ainda, talvez a maioria, nem uma coisa nem outra, alheando-se da sua própria cidade.

Agora, no sítio do coreto, não temos nada. Ao lado, temos um espelho d' água, como se diz modernamente, circundando o memorial ao Presidente Teixeira Gomes, que dá a sua graça àquele espaço. Onde existiam os tais sanitários, temos aquele "mono" da geladaria, cujo nome já nem sei, único "caixote" que ali ficou quando da remodelação da praça e do jardim, por razões que desconheço mas, sejam elas quais forem, não aceito.

E basta olhar para a fotografia actual para perceber que aquele pequeno monstrinho desfigura toda a praça. Ainda por cima com aquelas casas de banho inestéticas e pouco asseadas nas traseiras. Traseiras é como quem diz... No meio dum espaço daqueles não há traseiras. Todos os lados são frente.

Portimão em meados do século XXPortimão
Vejam bem no que a Caixa Geral de Depósitos, banco do Estado, transformou este edifício...

E, já agora, reparem bem no que a Caixa Geral de Depósitos, banco que sempre pertenceu do Estado, foi, a pouco e pouco, fazendo a este magnífico edifício, em diversas "remodelações" estrategicamente efectuadas ao longo dos anos, até ficar no "caixote" (de Caixa...) que se pode ver de branco com listas cinzentas. Quanto pode o vil metal...

Mas, não é por isto que Portimão deixa de ser uma cidade bonita, acolhedora e em franco progresso. São apenas alguns senãos que vieram a talhe de foice e que urge não repetir. Aliás, ainda não perdi a esperança de ver a dita geladaria removida daquele local. Será que sou demasiado ingénuo?...

De qualquer modo, prometo que, nos próximos posts, irei demonstrar que vale bem a pena viver e visitar Portimão. Veremos...

Até breve.

Portimão em meados do século XX
Em várias "remodelações", a Caixa tranformou um espectacular edifício num "Caixote"...

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